Texto de Torcedor - Bruno Mazzeo

Bruno Mazzeo, humorista e Vascaíno
“Desde que eu me entendo por gente (e, consequentemente, por vascaíno), não lembro de ver o Vasco viver três momentos tão distintos em tão pouco tempo. É como se o Rio, num mesmo ano, efetivamente, vivesse as quatro estações. Num passado recente, o Vasco vinha de mero figurante. No Carioca, um vice aqui, outro ali; nos Brasileiros, uma eventual briga por classificação numa Sul-Americana. Isso, quando não brigava para não cair, o que dava, pelo menos, alguma emoção, já que o título era algo descartado desde antes da primeira rodada. Em janeiro de 2008, o Vasco começou com uma esquisita pré-temporada em Dubai, com Romário de técnico (!) e jogador (!!!), e a torcida forçando uma barra gritando: “Jonílson vem aí, o bicho vai pegar”. Pior presságio, impossível. Começou o Brasileiro e o Vasco ‘revolucionava’ com Antônio Lopes no comando, pela octogésima-nona vez. Passado nem tão distante, mas que hoje pode representar um atraso de séculos. Poucas rodadas depois, uma surpresa. A Justiça finalmente entendeu que havia algo de podre no reino e as eleições foram remarcadas. Ninguém acreditava que o clube daria esse passo à frente. Até porque sabemos que, no Brasil, a justiça tarda… tarda… até a gente perder de vista. Mas, não. Ninguém seria impedido de votar, ninguém votaria mais de uma vez, mortos e crianças não teriam direito ao voto. Simples assim. E a presidência acabou assumida por Roberto Dinamite. Nada poderia ser mais simbólico, para um clube tradicionalmente democrático como o Vasco, do que ver a ditadura ruir diante do nosso maior ídolo. É quase um ‘povo no poder’. E o passado começou a dar lugar ao presente. Que começou mal, com a queda para a Segundona. Culpa muito mais do passado do que do presente, em si. Faltou malandragem? Pode ser. Mas o Vasco do presente não quer fazer uso da ‘malandragem’. Ou simplismente, não sabe usar. A queda - pior momento da história do clube - acabou se revertendo num bem impensável. Apoiados por aqueles velhos clichês, tipo “no fundo do poço tem uma mola”, “às vezes é preciso recuar uma casa pra andar duas”, “depois da tempestade vem a calmaria”, prevaleceu o “há males que vêm para bem”. Hoje, o presente está em campo e o Vasco é outro. Se no passado era difícil lotar São Januário, no presente alguns jogos foram transferidos para o Mário Filho. São Januário ficou pequeno. O Vasco do presente fez a torcida recuperar a auto-estima. A sentir, de novo, o orgulho de ser Vasco. É a imensa torcida, bem feliz. Agora o futuro se aproxima. Já está no aquecimento e, em breve, a voz vai anunciar que a “Suderj informa”. Quando ele entrar em campo, começa um novo jogo. É o pulo do gato! Quase se aproveite todo o sentimento reconquistado no presente, para fazer um futuro vitorioso. O jogo não está ganho. Nunca está. Mas como o passado está enterrado, e o presente, vivíssimo, é só jogar com mais inteligência do que malandragem, que a gente ganha o futuro.” 

por Bruno Mazzeo

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